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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Mensagem de Ano Novo pra alguém!



    Mais um ano termina e a frente vamos desejosos por um tempo de bonança. Todo ano que se vai é o fato efetuado do tempo de plantio. A seguir, vivendo a passagem, ao futuro sonhamos, queremos  a continuidade, acreditamos que colher será agradável, um tempo de dádivas. Então, num instante, cada voz, com toda uma multidão professará: "feliz  ano novo" - expressão rica de tantos desejos bons, uma explosão de sentimento que se materializa em fogos  de artifícios, quão simbólico!
    A virada do ano se dá como um instante, numa força de uma significação coletiva, uma festa do mundo com exatos seis dias pós a "festa familiar" de 25 de dezembro. Talvez uma continuidade, uma expressão inconsciente da grande família humana, além da consanguinidade, onde é possível que a beleza da mensagem de natal perpasse o ano que chega. Pois. independente de crenças, a mensagem, a ideia de um Menino Deus entre nós, dentro de um clássico olhar, simboliza o próprio infinito que acolhe em si a humanidade ,faz-se um de nós, finito, sem distância, mostra o divino como simples humano, um absurdo para a nossa lógica, uma experiência de criatura, ou melhor, o Criador assumi-se como parte do criado, em plena natureza, numa integração perfeita com esta realidade tão concreta a nós; assim faz-se contradição que mostra a unidade do divino e a matéria, exaltando uma filiação divina numa dualidade vigorosa sem fragmentação; misteriosa sim, por isso acolhida como verdade aos olhos dos que portam o paradigma da fé. Mas sem dúvidas, uma visão da realidade amorosa presente na história, que a seu modo, participa e gera um movimento de continuidade com conteúdos do bem, sendo pragmáticos e afetivos no amor, cheio de desdobramentos como: sinceridade, amizade, partilha, doação, integridade, justiça, perdão, realização, felicidade e muito mais na amplitude do que significa o amor na arte plural de amar.
   Se queremos, podemos acolher, ter e ser o vigor daquela criança a crescer, e a cada instante nos amadurecermos adultos, sem se perder da criança vigorando a vida... Assim tem-se a proposta da liberdade por um mundo em busca do sempre melhor! Buscar o melhor, pressupõe um quê de não satisfeitos, sentimento oculto, rimado de uma presente alegria por um próspero ano novo em todos os bons sentidos que permeiam a felicidade. Assim, permitir-se-á ao alimento da coragem, agir com coração pelo tempo que se constrói; pois as idéias do bem, nos fortalecem diante os desafios e no tempo da bonança ter-se-á o sabor do que nos inspira a festa da alma!
Por isso ao Ano Novo, saúde, coragem, prosperidade e paz seja em qual contexto for...!

Feliz Ano Novo!

                                                                                               (Luciano E. P de Vasconcellos)

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Casa da Filosofia Clínica: Onde você esconde o seu amor?*

Casa da Filosofia Clínica: Onde você esconde o seu amor?*: Ele está residindo nos seus medos e você não consegue entender o que é amar?Onde mora o seu amor, onde habita o que você chama de amar ...

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O Próximo e o Distante no âmbito judaico-cristão


     A visão humana não tem a capacidade de enxergar objetos muito próximos,  por conta de um ponto mínimo de distância necessária que permite captar a imagem. Existe também um ponto máximo, que permite que enxerguemos com nitidez objetos á distância. Provas da fisiologia ocular mostram que essa capacidade varia de pessoa pra pessoa, mas que existe um ponto mais ou menos fixo que caracteriza tal incapacidade biológica. Não se trata de um defeito, mas se trata da própria característica biológica dos envolvidos (luz, distância mínima e olho). Pegue um objeto e tente chegar ao máximo perto do olho e tente ver seus detalhes, consegue?  Tal fato nos dá um material rico em reflexão a respeito da PROXIMIDADE,  podendo aplicá-la em várias esferas da vida cotidiana, num ponto sensível delas, em que a PROXIMIDADE pode causar uma peculiar cegueira!    De forma muito poética e religiosa alguns rabinos sustentam ser  esse  um dos porquês de D'us não interferir diretamente nos acontecimentos que mais nos atordoam, como por exemplo: se D'us é bom porque existe guerra? Se D'us é bom porque existe fome? Há uma necessidade de uma distância mínima de D'us e homem para que o próprio homem pudesse vê-lo. Isso é retratado muito bem  no livro Gênesis quando D'us deixava o homem sozinho no Jardim.  A distância e a proximidade são dois pontos do nosso horizonte necessários a sanidade mental e espiritual no ponto de vista desses rabinos. Um rabino muito antigo, talvez um dos mais enigmáticos, polêmicos e admirados  que conhecemos seja Jesus de Nazaré, este cristalizado de forma tão densa como divindade post-morten, acaba tendo sua natureza de profunda sabedoria  enquanto ser terrestre abafada para e por muitos seguimentos religiosos. De alguma forma essa perspectiva pode trazer problemas, pois afinal de contas estamos neste planeta ainda!
   Uma passagem muito interessante e também muito  "mono-interpretada" dos escritos do novo testamento  traz uma luz diferenciada sobre proximidade e distância, seus problemas e suas soluções e  está presente na parábola do Bom Samaritano:

"...Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo?" (Lc 10. 29)..."

    A passagem muitas vezes interpreta o próximo como sinônimo de subsequente, no sentido que temos prioridades,  de quem será o primeiro, e o segundo? Quem deve ter mais prioridade e quem não deve? Uma outra análise dessa passagem  pode ser mais elucidadora do que  uma análise ordinal que gera exclusivos e não exclusivos. Quem é o próximo então? No sentido de distância mínima? Quem é o distante?Amai os distantes como a ti mesmo!
   Historiadores e teólogos descrevem profundamente a relação conflituosa entre samaritanos e judeus e suas histórias de conflito. Quando leio essa história e seus estudos, lembro-me dos encontros de família que já tive, onde assuntos polêmicos deviam ser evitados a fim de respeitar os mais velhos. As traições, brigas,falta de dinheiro, o fulano que tem jeito de "veado", a fulana com jeito de sapatão,  jamais poderiam ser  mencionados. Por se tratar de conflitos que mexiam com a estrutura íntima da família, tiravam autoridade de quem deveria mantê-la e muitas vezes, envergonhava quem mais detinha o posto de dignidade. Vejo essa necessidade no universo judaico de anular os samaritanos não por conta da distância que eles tinham, mas por conta da proximidade histórica.
    Percebo que ai Jesus põe na mesa esse tipo de problema: aqueles que não devem ser mencionados! Vejo que o próximo de Jesus deixa de assumir uma estrutura assistencialista de atendimento, uma fila de atenções a serem dadas aos próximos com suas senhas, para mostrar  a estrutura de um movimento que fazemos: o de  olharmos para o distante para nos livrarmos do próximo!  O próximo como símbolo do homem nu, do homem nos bastidores,  do  homem que não é herói, próximo como sinônimo das relações que não são mencionadas na "mesa" de tão intimas e próximas que são. Ele revela o movimento  de fuga para não haver toque traumático, acaba sendo mais fácil amar os africanos que morrem de fome do que resolver os problemas  do morador de rua que mora em frente nossa casa!O distante como mecanismo de fuga, para sobreviver ao caos das relações mal resolvidas!
     As relações delicadas entre marido e mulher, entre irmão, entre amigos, entre os segredos mais ocultos humanos. Num nível oculto a ponto de gerar brigas e má compreensão nas pessoas envolvidas se reveladas. Esse nível  que é submergido nas maquiagens sociais, nas etiquetas e na falta de esperança de se estabelecer uma conexão límpida entre as pessoas, Jesus explica:  é necessário nós termos uma vida difícil e saudável  com os próximos, e os próximos podem assumir sinônimos variados, como o de uma história mal resolvida de intimidade, como uma sociedade que não deu certo, como uma união que tentou aproximar alguma esfera do cotidiano mas acabou afastando. É necessário ai não haver ingenuidade, a proximidade entre seres humanos não é inofensiva, ela queima e precisamos  ter sapiência pra mexer nesse angu! Mas claro, se você desconhece esses problemas esqueça essa parábola!
   Aos nossos inimigos damos o desprezo, ao diferentes até ignoramos, agora aos que entram na nossa alma sem pedir licença e sem escolha e lá se instalam por imposição da vida, estes são os maiores oferecedores  de insumos para nossas sombras, dores e amores. O que essa passagem mostra com todas as suas possíveis interpretações, é que o nível de espiritualidade demonstrada pelo Rabino, é o nível das conversas no ouvido, dos pensamentos mais íntimos, o nível das estruturas mais inconscientes  que se pode ter. Ele demonstra como  deve  fazer parte do nosso dia-dia amar ao próximo, não um amor estereotipado pelo romancismo do final do século dezoito, mas no   sentido de ser são e resolvido, eficaz ao lidar com o diferente(mas "infelizmente", próximo)  e  ter uma   relação sã com as sombras da nossa própria história com esse diferente. Quando isso começar a ser resolvido, não teremos mais medo de encarar nossas inseguranças, de assumir que houveram culpados, eles podem ser nós mesmo ou terceiros e que a saída está menos no moralismo e mais na ampliação de consciência sobre nossa história, sobre nós mesmos e saber entender que  nem tudo foi Deus que permitiu.
  Nesse ponto nós como cristãos, nós como umbandistas, nós como homossexuais, nós como ateus, nós como  capitalistas, nós como socialistas, samaritanos e judeus, precisamos olhar as sombras e as luzes e sabermos resolvê-las de forma certa.  Somos um monte de escombros de coisas aproveitáveis e outras abomináveis! No tempo que vivemos  da exposição pessoal não se pode esquecer que o verdadeiros Eu 's  estão mais  no Bastidor do que no Palco!

(Maicon Fecher)
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