Powered By Blogger
Mostrando postagens com marcador Arte Marcial. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Arte Marcial. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O Próximo e o Distante no âmbito judaico-cristão


     A visão humana não tem a capacidade de enxergar objetos muito próximos,  por conta de um ponto mínimo de distância necessária que permite captar a imagem. Existe também um ponto máximo, que permite que enxerguemos com nitidez objetos á distância. Provas da fisiologia ocular mostram que essa capacidade varia de pessoa pra pessoa, mas que existe um ponto mais ou menos fixo que caracteriza tal incapacidade biológica. Não se trata de um defeito, mas se trata da própria característica biológica dos envolvidos (luz, distância mínima e olho). Pegue um objeto e tente chegar ao máximo perto do olho e tente ver seus detalhes, consegue?  Tal fato nos dá um material rico em reflexão a respeito da PROXIMIDADE,  podendo aplicá-la em várias esferas da vida cotidiana, num ponto sensível delas, em que a PROXIMIDADE pode causar uma peculiar cegueira!    De forma muito poética e religiosa alguns rabinos sustentam ser  esse  um dos porquês de D'us não interferir diretamente nos acontecimentos que mais nos atordoam, como por exemplo: se D'us é bom porque existe guerra? Se D'us é bom porque existe fome? Há uma necessidade de uma distância mínima de D'us e homem para que o próprio homem pudesse vê-lo. Isso é retratado muito bem  no livro Gênesis quando D'us deixava o homem sozinho no Jardim.  A distância e a proximidade são dois pontos do nosso horizonte necessários a sanidade mental e espiritual no ponto de vista desses rabinos. Um rabino muito antigo, talvez um dos mais enigmáticos, polêmicos e admirados  que conhecemos seja Jesus de Nazaré, este cristalizado de forma tão densa como divindade post-morten, acaba tendo sua natureza de profunda sabedoria  enquanto ser terrestre abafada para e por muitos seguimentos religiosos. De alguma forma essa perspectiva pode trazer problemas, pois afinal de contas estamos neste planeta ainda!
   Uma passagem muito interessante e também muito  "mono-interpretada" dos escritos do novo testamento  traz uma luz diferenciada sobre proximidade e distância, seus problemas e suas soluções e  está presente na parábola do Bom Samaritano:

"...Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo?" (Lc 10. 29)..."

    A passagem muitas vezes interpreta o próximo como sinônimo de subsequente, no sentido que temos prioridades,  de quem será o primeiro, e o segundo? Quem deve ter mais prioridade e quem não deve? Uma outra análise dessa passagem  pode ser mais elucidadora do que  uma análise ordinal que gera exclusivos e não exclusivos. Quem é o próximo então? No sentido de distância mínima? Quem é o distante?Amai os distantes como a ti mesmo!
   Historiadores e teólogos descrevem profundamente a relação conflituosa entre samaritanos e judeus e suas histórias de conflito. Quando leio essa história e seus estudos, lembro-me dos encontros de família que já tive, onde assuntos polêmicos deviam ser evitados a fim de respeitar os mais velhos. As traições, brigas,falta de dinheiro, o fulano que tem jeito de "veado", a fulana com jeito de sapatão,  jamais poderiam ser  mencionados. Por se tratar de conflitos que mexiam com a estrutura íntima da família, tiravam autoridade de quem deveria mantê-la e muitas vezes, envergonhava quem mais detinha o posto de dignidade. Vejo essa necessidade no universo judaico de anular os samaritanos não por conta da distância que eles tinham, mas por conta da proximidade histórica.
    Percebo que ai Jesus põe na mesa esse tipo de problema: aqueles que não devem ser mencionados! Vejo que o próximo de Jesus deixa de assumir uma estrutura assistencialista de atendimento, uma fila de atenções a serem dadas aos próximos com suas senhas, para mostrar  a estrutura de um movimento que fazemos: o de  olharmos para o distante para nos livrarmos do próximo!  O próximo como símbolo do homem nu, do homem nos bastidores,  do  homem que não é herói, próximo como sinônimo das relações que não são mencionadas na "mesa" de tão intimas e próximas que são. Ele revela o movimento  de fuga para não haver toque traumático, acaba sendo mais fácil amar os africanos que morrem de fome do que resolver os problemas  do morador de rua que mora em frente nossa casa!O distante como mecanismo de fuga, para sobreviver ao caos das relações mal resolvidas!
     As relações delicadas entre marido e mulher, entre irmão, entre amigos, entre os segredos mais ocultos humanos. Num nível oculto a ponto de gerar brigas e má compreensão nas pessoas envolvidas se reveladas. Esse nível  que é submergido nas maquiagens sociais, nas etiquetas e na falta de esperança de se estabelecer uma conexão límpida entre as pessoas, Jesus explica:  é necessário nós termos uma vida difícil e saudável  com os próximos, e os próximos podem assumir sinônimos variados, como o de uma história mal resolvida de intimidade, como uma sociedade que não deu certo, como uma união que tentou aproximar alguma esfera do cotidiano mas acabou afastando. É necessário ai não haver ingenuidade, a proximidade entre seres humanos não é inofensiva, ela queima e precisamos  ter sapiência pra mexer nesse angu! Mas claro, se você desconhece esses problemas esqueça essa parábola!
   Aos nossos inimigos damos o desprezo, ao diferentes até ignoramos, agora aos que entram na nossa alma sem pedir licença e sem escolha e lá se instalam por imposição da vida, estes são os maiores oferecedores  de insumos para nossas sombras, dores e amores. O que essa passagem mostra com todas as suas possíveis interpretações, é que o nível de espiritualidade demonstrada pelo Rabino, é o nível das conversas no ouvido, dos pensamentos mais íntimos, o nível das estruturas mais inconscientes  que se pode ter. Ele demonstra como  deve  fazer parte do nosso dia-dia amar ao próximo, não um amor estereotipado pelo romancismo do final do século dezoito, mas no   sentido de ser são e resolvido, eficaz ao lidar com o diferente(mas "infelizmente", próximo)  e  ter uma   relação sã com as sombras da nossa própria história com esse diferente. Quando isso começar a ser resolvido, não teremos mais medo de encarar nossas inseguranças, de assumir que houveram culpados, eles podem ser nós mesmo ou terceiros e que a saída está menos no moralismo e mais na ampliação de consciência sobre nossa história, sobre nós mesmos e saber entender que  nem tudo foi Deus que permitiu.
  Nesse ponto nós como cristãos, nós como umbandistas, nós como homossexuais, nós como ateus, nós como  capitalistas, nós como socialistas, samaritanos e judeus, precisamos olhar as sombras e as luzes e sabermos resolvê-las de forma certa.  Somos um monte de escombros de coisas aproveitáveis e outras abomináveis! No tempo que vivemos  da exposição pessoal não se pode esquecer que o verdadeiros Eu 's  estão mais  no Bastidor do que no Palco!

(Maicon Fecher)
-->

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

UM CAMINHO DE QUALIDADE DE VIDA


Meditação Zhan Zhang


Proveniente da China, o Taijiquan (Tai Chi Chuan) é uma arte que promove o cultivo de saúde, equilíbrio e paz. O praticante, gradativamente, desenvolve o autoconhecimento a partir da percepção do seu corpo e das vitalidades que o envolve. Na prática, a filosofia do Tai Ji (harmonia do movimento entre o Yin e o Yang) expressa-se corporalmente na unidade entre  a forma (coreografia e postura correta), a intenção (mente ou espírito) e a respiração. Gerando assim um efeito profilático resultante da integração entre exercícios moderados, meditação e marcialidade. Por isso, a manutenção e a promoção da qualidade de vida têm destaque pelos que buscam esta arte, também chamada: "Técnica da Longevidade".

Simples chicote


            O Taijiquan, como atividade física, atua principalmente nos tendões e nas articulações, tornando o indivíduo menos propenso a um conjunto de doenças. A atividade constante com a respiração, por sua vez, atua no sistema circulatório, respiratório e digestivo, melhorando e fortalecendo a atividade desses órgãos.
O espírito alerta, disposição física e mental, capacidade de concentração são benefícios desenvolvidos pela prática regular do Taijiquan. No aspecto psicológico[1], o Taijiquan atua restabelecendo o equilíbrio emocional, minimizando a ação de agentes estressantes do organismo, podendo se caracterizar como uma ferramenta que auxilia a pessoa na sua adaptação ao contexto em que está inserido, pois ao possibilitar o conhecimento de si em relação às realidades que o cercam, tem-se elementos para o desenvolvimento de posturas comportamentais.
Todos os elementos supracitados fazem do Taijiquan um caminho de cultivo da qualidade de vida. Desde sua origem, o Taijiquan apresenta em sua identidade uma milenar herança cultural sobre a importância da prevenção como garantia de um bem-estar. Essa característica pode ser percebida como uma estratégia no texto a seguir:

"O ideal de curar uma doença antes de ela ter início era o principal preocupação presente no tratado de Sun Tzu sobre a guerra, que data mais ou menos dois mil anos atrás. Esse ideal revela afinidades com o ideal do Tai Chi, qual seja, o de não opor a força, de não dar azo a um conflito, mas curá-lo desde o início.[2]"
           
            

                                                                                                          Luciano E. P.de Vasconcellos
                                                                                                           Instrutor de Taijiquan Chen 


[1]  KIYAN, Lucia , Tai chi chuan na psicologia, in: http://www.sbtcc.org.br/ar-psicologia.php
[2] CROMPTON, Paul - O Livro Básico do Tai Chi - São Paulo, Pensamento,1994. p 112.

terça-feira, 22 de junho de 2010

O Taijiquan em Prol do Social - Uma cultura do Bem-estar

Existe um conjunto de atividades consideradas benéficas a saúde, estas ajudam a evitar males do corpo e da psique e há casos que acabam por contribuir nos processos de cura com seus devidos tratamentos. Entre tais, compondo o universo da Medicina Tradicional Chinesa, o Taijiquan (Tai Chi Chuan) tem-se mostrado um instrumento útil na vida de muitos que buscam o aprimoramento de sua qualidade de vida. Consequentemente, a promoção de atividades com este perfil em espaço público é uma contribuição às políticas de cuidado com a saúde. Afinal, o acesso da população às atividades profiláticas, acabam por diminuir gastos tanto no setor público quanto no setor privado. Tudo indica que, a abertura e investimentos às atividades que favorecem o melhoramento da qualidade vida, são custos benefícios que não devem ser descartados, mas estimulados. Em outras palavras, para o setor público pode significar a diminuição da demanda atendimentos clínicos, quem sabe até superação das dificuldades orçamentárias. Para o setor privado, em empresas que investem em atividades integrativas já se constata índices de aumento de oito por cento da produção. E para o indivíduo, tem-se a aquisição ou a manutenção de seu bem estar físico, mental e espiritual.

Antes de tudo, o Taijiquan é uma arte, síntese da cultura chinesa, sua suavidade, beleza e sobriedade atingem diversos aspectos da vida: na saúde – o efeito profilático e o auxílio nos processos de cura; no lazer – o entretenimento e o tempo agradável que a pessoa toma para si, na possibilidade de somar prazer, autoconhecimento e esportividade; no comunitário – a geração de novos vínculos de amizade; na política – a busca da boa medida a partir do “equilíbrio” das relações que se apresentam nas diversas realidades; e na cultura – a possibilidade de abertura de horizonte pelo contato com conteúdos de outra matriz cultural.

Por isso e por mais, esta arte é apta a contribuir na fomentação de uma “saúde social”, para uma cultura do bem-estar enquanto harmonia entre coletividade e individualidade. Uma experiência original entre oriente e ocidente para que possamos caminhar com vigor na busca da plenitude do social.